Greve no transporte coletivo de Irati continua em meio a polêmica sobre gratuidade para idosos

A paralisação dos trabalhadores da empresa Transiratiense entrou no segundo dia nesta terça-feira (28), deixando centenas de usuários sem transporte público em Irati. Os motoristas e cobradores reivindicam o pagamento dos salários e vales-alimentação atrasados, além do 13º salário.

Em meio à crise financeira da empresa, o proprietário Sérgio Zwar alegou que uma das causas das dificuldades seria a lei municipal sancionada em 2019 pelo então prefeito Jorge Derbli, que garantiu gratuidade no transporte coletivo para idosos acima de 60 anos. Segundo Zwar, a medida impacta negativamente os cofres da empresa, resultando em um prejuízo mensal estimado em R$ 25 mil.

Ex-prefeito Jorge Derbli rebate declaração do empresário

Diante das declarações do empresário, o ex-prefeito Jorge Derbli se manifestou por meio de nota, negando qualquer irregularidade na criação da lei. Ele afirmou que a iniciativa foi proposta pelo Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, aprovada pela Câmara Municipal e sancionada dentro dos trâmites legais. “Todo o processo foi conduzido de maneira transparente. A gratuidade para idosos é um direito consolidado, e é inaceitável que se tente atribuir à minha gestão os problemas financeiros da empresa”, pontuou.

Derbli também criticou a tentativa de vincular a crise da Transiratiense à concessão do benefício aos idosos, destacando que a gratuidade foi um avanço na inclusão social da terceira idade e não pode ser responsabilizada pelos problemas administrativos da empresa.

Conselho da Pessoa Idosa defende manutenção do benefício

O Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa também se posicionou, ressaltando que a lei municipal não foi imposta unilateralmente e que a Transiratiense participou de reuniões sobre o tema. No entanto, conforme a entidade, a empresa nunca apresentou estudos técnicos que comprovassem o impacto financeiro da gratuidade.

Em nota, o Conselho destacou que a maioria dos idosos que usufruem da isenção tem renda de até um salário mínimo e utiliza o transporte para consultas médicas, farmácias e serviços bancários, reforçando o caráter social da medida. “Alegações que tentam responsabilizar os idosos pela crise da empresa desconsideram diversos fatores que afetam a mobilidade urbana, como a pandemia e a busca por outras opções de transporte”, diz um trecho do documento.

Negociação para fim da greve segue indefinida

Enquanto a polêmica segue nos bastidores, a greve dos trabalhadores da Transiratiense continua sem previsão de encerramento. Na manhã desta terça-feira, Sérgio Zwar reuniu-se com advogados e representantes do Sindicato dos Motoristas e Cobradores para tentar um acordo sobre os salários atrasados. Até o fechamento desta reportagem, nenhuma decisão definitiva havia sido anunciada.