Home Saúde “É um equívoco vacinar adolescentes saudáveis antes de vacinar o último adulto”, diz diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações

“É um equívoco vacinar adolescentes saudáveis antes de vacinar o último adulto”, diz diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações

0
AGÊNCIA REBOUÇAS- Rua: José Afonso Vieira Lopes, 303 - Centro, Tel (42) 3457-1100

Alguns estados e municípios já anunciaram a inclusão de adolescentes de 12 a 17 anos na fila da vacinação contra a Covid-19, mesmo sem uma recomendação formal do Ministério da Saúde. O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, avaliou os riscos dessa iniciativa.
Segundo ele, os estados e municípios têm autonomia para tomar esta decisão, mas não é o recomendado.

“É um equívoco vacinar adolescentes saudáveis antes de vacinar o último adulto. Nós não podemos começar a vacinação invertendo prioridades, sob pena de deixar os indivíduos com maior risco desprotegidos. Os adolescentes, menores de 20 anos, têm um risco muito menor de adoecimento e só devem ser vacinados quando o último adulto receber a sua primeira dose.”

A vacinação se tornou uma disputa entre gestores para ver quem consegue imunizar mais pessoas. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) não orienta a vacinação de adolescentes saudáveis ainda. De acordo com o especialista, isso pode provocar a falta de imunizantes para quem mais precisa.
“Não há uma recomendação formal, o município que inverte essa priorização e começa a vacinação dos adolescentes antes dos adultos não está seguindo a recomendação do Ministério da Saúde, e com a quantidade restrita de doses obviamente está deixando de vacinar algum adulto de maior risco.”

 A hierarquização, segundo o médico, acontece diante de um cenário de falta de vacinas.
“Obviamente se tivermos vacinas em enorme quantidade estaríamos vacinando todos e nem discutindo quem deve ser vacinado primeiro. Não é o nosso caso, então, nós temos que primeiro vacinar os mais vulneráveis.”

 Sobre os possíveis riscos e efeitos colaterais da aplicação da vacina em menores de 18 anos, Kfouri destacou que ainda não foram apontados perigos reais, mas que os estudos foram desenvolvidos de acordo com os grupos prioritários, que são justamente aqueles mais vulneráveis.

“À medida que a vacinação de adultos vai avançando – adolescentes e crianças respondem por um quarto da nossa população –, é necessário incluí-las no programa de vacinação. Primeiro para controle da transmissão e, segundo, porque entre adolescentes também e menores de 20 anos de idade temos doentes crônicos, diabéticos, obesos, gestantes, aqueles que têm fatores de risco que precisarão ser vacinados. E os estudos já estão bem avançados nessa população.”

Até o momento, o único imunizado no País com autorização para aplicação em adolescentes de 12 a 17 anos é o da Pfizer. De acordo com o médico, a segurança das vacinas deve ter uma atenção maior entre as crianças e adolescentes.

“Como a doença é mais rara, se você tem um efeito colateral muito raro, mas a doença é muito frequente, o benefício da proteção vai prevenir muito mais casos do que os raros efeitos colaterais. Onde a doença é menos frequente, raramente agrava, o cuidado com a segurança da vacina deve ser maior ainda.”

 Segundo Kfouri, a discussão sobre a imunização de crianças e adolescentes de risco deve ter uma aprovação em breve, não para os saudáveis.

Comentários estão fechados.

Veja Também

Rebouças- Médico lembra que, no Outono as doenças respiratórias tendem a aumentar

Entrevista com o Médico Jefferson Okamoto, atuante no Ambulatório da Secretaria Municipal …